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Desabafos de uma formanda

Sim, tenho estado sumida, mas por motivos de força maior. Em vez de contar as minhas histórias de amor, passei os últimos meses escrevendo a minha carta de despedida à faculdade (comumente conhecida como monografia). 

Não que ainda não esteja escrevendo, ou que não esteja surtando com o tempo (ou a sua falta), ou que não tenha inúmeras outras pendências para resolver antes de me formar, mas, nesse momento, nessa noite, sinto que preciso escrever para mim mesma. Não para o meu orientador, para uma banca examinadora ou para especialistas em direito do trabalho. Para mim. 

E o que escrever para mim? 

Logo eu, que escrevo tantas cartas de amor às minhas paixonites passadas, sequer sei como começar uma dessas para mim. 

Releio a minha carta passada. Aquele futuro pelo qual me apaixonei parece estar próximo. Ou talvez já tenha chegado. Não sei. Estou tão nervosa… Queria ter todas as respostas para as minhas dúvidas. Queria ter uma bola de cristal que me dissesse o que irá acontecer em alguns meses. 

Aparentemente, tudo pode mudar - se é que já não está mudando - e a vida que imaginei para mim pode desintegrar-se e transformar-se em algo completamente diferente. Pode ser que esse seja o caminho. 

E no próximo ano? Tenho medo de ter que me deparar com a escolha entre o amor da minha vida e o amor para a minha vida. O pior é que já sei a resposta, apenas tenho medo de falar em voz alta. 

E depois da formatura, qual será o meu fim? Ou o meu início? Entre arriscar e me acomodar, sinto que estou tendente a acolher a segunda opção, apenas por insegurança e pavor de falhar. 

As pessoas que me amam acreditam em mim, porém não tenho essa mesma estima sobre a minha pessoa. A quem eu estaria decepcionando se escolhesse um caminho diferente daquele imaginado? 

Releio a minha carta de coração partido. Não desejo sentir novamente a dor de me sentir insuficiente e incapaz. Sinceramente, preciso parar de ter pena de mim mesma. Eu sou uma adulta, pelo amor de Deus! Uma adulta que ensina, que é exemplo para crianças e adolescentes, que é influência dos amigos, que é mãe de pet (quatro!)...

Preciso parar de imaginar que estou num filme americano.

Porque, no final das contas, ainda que seja uma arte, a vida não é um filme. Não posso tentar, a todo tempo, escrever um roteiro e esperar que tudo e todos o sigam. Não tenho controle sobre as coisas que não dizem respeito a mim mesma. 

Isso só mostra que sou fraca, impotente…

Não!

Por favor, pare. 

É exaustivo lutar numa batalha interna, principalmente por não haver um vencedor. A briga comigo mesma só faz me machucar, e já tenho cicatrizes demais disso no meu coração.

Uh, não era isso que esperava escrever. 

Amanhã volto de bom humor, menos reflexiva e mais apaixonada (por mim e por meus garotos…).

Lembre-se: eles passarão, eu passarinho. 


Expectativa - Gustav Klimt

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