Festas sempre me agradaram. A empolgação das pessoas, o nervosismo sobre quem encontrarei nela, as horas procurando a roupa perfeita para a ocasião… O que eu não me agrada, no entanto, é deslocar meu joelho ao som da minha música favorita e ser obrigada a passar o resto da noite sentada colocando gelo no machucado.
Pois é, eu estava indo de mal a pior. Para completar, tive que aguentar uma amiga emburrada por estar de babá (valeu, M.!). Contudo, quando minhas lágrimas já ameaçavam cair (a bebida me deixou um tanto dramática), ele apareceu.
Sentou-se ao meu lado e conversamos. Expliquei a ele meu problema no joelho enquanto ele me contou que perdeu sua irmã mais nova de vista. Tentamos esquecer nossas frustrações em relação à festa fazendo companhia um ao outro, o que funcionou até certo ponto. Ri de alguma(s) piada(s) tola(s) que ele fez para me fazer esquecer da dor no meu joelho e ainda descobri seu signo – câncer, meu paraíso astral. Só ali já tinha percebido que nos daríamos bem. Horas – ou talvez minutos – se passaram até ele avistar a irmã de longe. Partiu em direção a ela ao mesmo tempo que minha amiga me puxou para irmos embora (valeu de novo, M!). Perdi-o no meio da multidão. Isso tudo antes de conseguir seu nome.
Eu não acredito em destino, mas se acreditasse, definitivamente estaria bastante retada com ele. Não é possível que ele tenha escolhido aquele momento específico para nos separar. Por outro lado, é muito mais fácil colocar a culpa no destino quando, na verdade, o que nos faltou foi atitude. Ele poderia ter me pedido para esperar. Eu poderia ter avisado que iria embora. A irmã dele poderia ter ido ao seu encontro em vez do contrário. Minha carona poderia ter demorado mais um pouco. Enfim, inúmeras possibilidades para evitar apenas um resultado. Mas, não. No final, o destino – ou, quem sabe, nós mesmos – escolheu a única variável que nos impedia de ficarmos juntos.
Sabe, as pessoas passam anos procurando seu par ideal, o encaixe perfeito. Eu, todavia, precisei somente de um pouco de humor ácido para perceber que aquele cara tinha grandes chances de ser O cara. Ora, não o homem que espero encontrar no altar de uma igreja – aí já seria muita loucura da minha parte, mas, definitivamente alguém que poderia ser meu parceiro, que compartilharia piadas sem graça e um fone de ouvido. E o mais engraçado disso tudo foi que a pessoa que pareceu “certa” para mim estava no lugar mais equivocado, na hora mais inconveniente e no momento mais impróprio. Às vezes achamos que tudo está dando errado quando, na verdade, está caminhando para dar certo.
Entretanto, infelizmente, não tenho certeza que tenha sido meu caso dessa vez, já que eu não sei ele deu mesmo o sermão que prometeu dar na irmã, nem ele sabe que meu joelho eventualmente parou de doer. Não sei nem se vou encontrá-lo de novo.
Prefiro pensar que sim. Gosto de achar que ele está por ai, em algum lugar da festa, à minha procura, também se perguntando se o destino não poderia ter escolhido outra variável para nós dois. Só assim para eu acreditar que o fato de nos desencontrarmos era apenas mais um dos “errados” caminhando para o certo. E, então, quando – não se – encontrá-lo de novo, finalmente perguntarei seu nome.
Ps: Valeu de novo, M.! Por me emprestar sua história e torná-la digna de uma comédia romântica da sessão da tarde :)
me da um autografo