Eu e V. somos… amigos (¿).
Nos conhecemos no ano passado e, desde então, desenvolvemos algo como uma amizade.
“Algo como uma amizade” porque, sim, existe uma tensão, mas não a ponto de eu querer fazer algo sobre isso (não sei se a recíproca existe). Conversamos bastante, rimos juntos e até nos provocamos, porém não ultrapassamos o limite da amizade.
No entanto, as últimas semanas têm sido estranhas.
Temos nos encontrado com mais frequência e a cada vez que nos vemos, sinto algo diferente: fico feliz com a sua chegada, mas triste com a sua partida; a sua presença tem me deixado nervosa e procuro qualquer desculpa para nos falarmos.
Não não não não não. Não me sinto atraída por ele. Não gosto dele.
Hoje, inclusive, estamos reunidos com o resto do grupo para um evento que envolve futebol. Adivinha quem vai jogar?
Assistindo-o em campo, mais pensamentos esquisitos vem à tona:
Ele é rápido, ágil e desde quando as suas pernas são tão malhadas?
Uau, ele fica bonito com raiva, brigando com árbitro pela falta injusta.
Nossa, não sabia que ele era tão bom assim jogando.
Se rasgarem a sua camisa com um puxão, será que ele a tira?
V. quando você se tornou um cisne???
Não sou a única a notá-lo. Escuto algumas garotas comentarem sobre o camisa 12 e de como ele está bonito.
“Será que ele tá solteiro?” - uma delas pergunta.
Meu sangue ferve.
Mas isso não quer dizer nada. A gente é amigo, só estou preocupada com as pessoas com quem ele pode se relacionar. Imagina se uma delas é uma louca…
Além disso, o que estou tendo são pensamentos completamente comuns para alguém que está com os hormônios aflorados. Não significam nada a não ser necessidade corporal.
Ao final do jogo, ele vem ao meu encontro para comemorar a vitória, porém é interceptado pela garota que perguntou se ele estava solteiro, que lhe parabeniza pelo jogo.
Céus, que garota insuportável. Quem ela pensa que é para nos interromper??
Finalmente, ele vem me abraçar. Não me importo com o seu suor, porque ele ainda está cheiroso. Ele me beija (na bochecha, calma), diz que todos os gols foram para mim. Nesse momento, meu coração dá pequenos pulinhos de alegria, mas simplesmente reviro os meus olhos e digo que só está fazendo charme.
“Se continuar falando assim, vou achar que você está tentando me conquistar.” - eu lhe provoco, como sempre fazemos.
“E se eu estiver?” - ele me responde, porém não esbanja qualquer sorriso. Dessa vez, olha-me profundamente, como se estivesse falando sério.
Há um breve silêncio tenso enquanto processo as suas palavras e a sua expressão.
“Pensa nisso”.
Deixando a frase no ar, V. simplesmente volta-se para outra pessoa que vem parabenizá-lo, sem perceber o peso de suas palavras nesse momento.
Minha mente está a mil.
O que ele acabou de dizer?
E se ele estiver tentando me conquistar, eu corresponderia?
E se ele me quiser, eu também quero?
E se ele me beijasse, eu deixaria?
Ouço-o tirar onda com os nossos amigos, mas preferia que estivesse tirando a minha roupa, num quarto, só a gente e
WOW. De onde surgiu esse pensamento?!
Não não não não não. Não me sinto atraída por ele. Não gosto dele.
Ah, quem eu quero enganar??
Eu estou atraída por ele. Pior: eu gosto dele.
Isso não é uma boa ideia: a velha história daqueles que se tornam mais que amigos sempre tem 50% de dar muito errado, com uma alta possibilidade de criar um clima completamente constrangedor ou acabar com uma amizade.
Além disso, é o fim do ano, pelo amor de deus! Festa de ano novo, verão na cidade grande, carnaval em dois meses… é a pior época para se gostar de alguém!
Fora que não há razão alguma para ele me querer. Eu já lhe falei que gosto de ficar sozinha e ele também já me disse que é um solteiro convicto. Como, então, que duas pessoas que não querem se relacionar poderiam ter um relacionamento?
Depois do jogo, ainda nessa noite, nos falamos normalmente e ele me convida para sair na quarta.
Talvez eu esteja pensando demais. Talvez tenha sido uma provocação sua também, como se tivesse entrado no meu jogo.
Sendo uma brincadeira ou não, ele lançou uma hipótese na minha cabeça e agora não consigo mais parar de pensar nisso.
Aceito o convite, mas sem saber se iremos para um encontro propriamente dito ou se será uma saída normal entre amigos.
Na quarta, descobrirei(emos) o que há entre nós.
Não vou mentir: estou empolgada para descobrir.
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