Já passa de meia-noite e não consigo dormir. Não sei qual o problema, meus olhos doem um pouco pedindo uma pausa, mas minha mente está tão agitada que o sono não tem espaço nela. Devo contar carneirinho? Nah, isso só funciona nos filmes. Que tal olhar para o teto e tentar não pensar em nada? Não! Quanto mais eu penso em pensar em nada, mais eu penso e, consequentemente, não penso em dormir. Então, acabo pensando muito.
Resolvi pegar meu laptop e olhar o site. O único problema é que a internet daqui de casa está fora. A solução mais óbvia para meu problema é, portanto, jogar o joguinho do dinossauro.
Estava há quase meia hora jogando quando tive um insight sobre o jogo e sobre mim. Nele, o dinossauro está sempre desviando de diversos obstáculos, atrás de alguma coisa. Quanto mais conseguimos desviar dos pássaros e dos cactos, mais pontos ganhamos. É game over quando atingimos um objeto. Será que eu sou esse dinossauro?
O que parece é que estou frequentemente atrás do ideal, de algo inalcançável. Não sei exatamente o que é, mas sinto que existe um vazio dentro de mim que só será preenchido no momento em que eu encontrar essa perfeição. Contudo, não consigo encontrá-la em lugar nenhum: na família, nos amigos, na dança, na faculdade... no instante em que finalmente acredito que estou a dois passos de chegar a esse ideal, um obstáculo me derruba e eu, inutilmente, declaro game over.
Mas seria a perfeição um ponto tão crucial para mim? Ela parece ser muito polida, muito frágil. Pergunto-me se conseguiria apreciá-la caso fosse uma constante na minha vida. É isso mesmo que eu quero? Não posso simplesmente valorizar as imperfeições da vida?
Como a própria Marilyn Moroe declarou, "a imperfeição é bela, a loucura é genial e é melhor ser absolutamente ridículo do que ser absolutamente chato". Realmente, a beleza do homem está exatamente nas suas imperfeições, nas suas diferenças. Ora, o próprio quadro pendurado no meu quarto exibe a seguinte frase: "O que você tem de diferente é o que você tem de mais bonito."
Acho que eu deveria prestar mais atenção às coisas ao meu redor, já que, sim, coisas boas estão por perto. Por mais que eu tenha tentado afastá-las, elas permanecem ao meu lado, estimulando-me a ser melhor, a fazer o melhor. Não querem que eu seja perfeita, querem apenas que eu seja eu mesma e isso basta para mim.
A internet não voltou, mas o sono chegou. Falar em perfeição me deu tanto tédio que agora estou com sono. É... talvez seja melhor mesmo ser absolutamente ridículo.
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