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dudesiuffo

(mais uma) Noite em SP

Não é segredo que eu acho a grande São Paulo mágica. Lá, sinto que sempre presencio momentos inesperados, alguns lapsos de epifania, instantes de paixão (por algo ou alguém)... Em São Paulo, podem ocorrer inúmeras surpresas, capazes de mudar uma vida inteira, um pensamento, um sonho ou mesmo uma ideia.

Naquela noite, não foi diferente.

Tudo começou com uma mensagem tímida dele: “também estarei na cidade neste período, poderíamos nos encontrar.

Não vi malícia. Afinal, durante todos esses anos, preservamos uma relação amistosa, de carinho genuíno um pelo outro, apesar da distância e dos outros romances vividos. Ainda mandamos mensagens de parabéns um ao outro, nos cumprimentamos em encontros aleatórios e conversamos em eventos da escola… Ele sempre esteve presente na minha mente, apesar de ter se apagado do meu coração.

Mesmo que tenhamos nos distanciado, a sua lembrança jamais foi rancorosa. Pelo contrário: quando pensava nele, era sempre com um sorriso no rosto. Nos divertimos tanto e vivemos um amorzinho jovem tão delicioso... Lembrar dele me remete a uma época tão feliz, que não posso evitar senão desejar estar com ele, para sentir um pouco de nostalgia daquele tempo.

Por isso mesmo, aceitei seu convite. Mais uma vez, encontrava-me sozinha na metrópole, deixada, nos primeiros dias, sem qualquer rotina a seguir, competição para dançar ou festival para assistir. Por que não?

Assim, a minha primeira noite na cidade foi marcada por uma surpresa: esperava me (re)encontrar com alguém especial da própria metrópole. Contudo, acenando para mim na porta do bar, não era um estranho qualquer que sorria em minha direção. Era ele.

Alguém que já conheceu as minhas manias e esquisitices, a quem eu já fiz chorar, que me deu um dos meus livros favoritos e até já me fez um macarrão com queijo. Alguém que sabia dos meus erros do passado e, ainda sim, queria me encontrar. Alguém que já me amou e, talvez, esteja disposto a me amar novamente.

De início, esperei que fossem ressurgir os sentimentos que tive por ele na época em que estávamos juntos. Não veio. O que senti, na verdade, foi um misto de insegurança e incerteza. Será que ele ainda se lembra de mim da mesma maneira? Será que ainda temos algo em comum depois de todos esses anos? Afinal, muita coisa mudou desde então.

Ao longo da noite, porém, fui me encantando por essa nova pessoa na minha frente, a qual estou adorando conhecer. Claro, ele ainda tem um humor sombrio, é membro honorífico da comunidade otaku e curte música eletrônica. Entretanto, consigo vislumbrar as mudanças que acompanharam o seu crescimento (ó, sim, ele está MUITO mais bonito) e posso notar o quanto amadureceu depois da escola.

Percebo, então, que, realmente, não foram reacesos os sentimentos do passado. O que estou sentindo por ele, porém, é algo inédito, que parece ter acompanhado o nosso amadurecimento. É como se as nossas experiências individuais ao longo dos anos pudessem moldar algo único entre nós. Há uma sensação de conforto e compreensão mútua que não existia antes, e isso é incrivelmente valioso.

Vê-lo me faz bem e não pretendo que essa sensação se esvazie tão cedo. Assim, neste momento, deixo de lado as memórias antigas com ele para criar novas, mais engraçadas e, paralelamente, maduras.

Conversamos, rimos e trocamos segredos por altas horas que, quando percebo, já estamos em Salvador e continuamos nos encontrando.

Esse novo vínculo que está florescendo entre nós tem sido divertido de explorar. Tenho a sensação de estarmos nos redescobrindo mutuamente, encontrando afinidades que talvez nunca tivéssemos percebido quando éramos mais novos. A vida nos ensinou muito desde nosso último beijo, e agora estamos prontos para ver o que o presente e o futuro têm a oferecer.

Uma segunda chance para me apaixonar por ele me foi dada. Na primeira vez, não soube aproveitar a oportunidade. No entanto, agora, olhando para ele, não posso deixá-lo escapar de novo.

M, mal posso esperar para te ver amanhã.




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