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dudesiuffo

O mito da caverna

Sempre fui confortável com a minha realidade. Tenho o mar perto de mim, amigos a um quarteirão e, ao meu redor, pessoas que amo. Além disso, durante a vida toda, acreditei que a verdade em minha frente era absoluta. Estar onde estou é o certo, fazer o que faço é adequado e pensar como penso é conveniente.

Vivo bem. No entanto, se me fosse apresentado um outro mundo, para além do que vivo atualmente, será que sentiria o mesmo? Será que o “viver bem” seria satisfatório?

Com esse pensamento em mente, saí da minha condição por um tempo. Vi o mundo como é de verdade, pude ter um gosto do que há para além das sombras e do pequeno universo que vivi desde que nasci.

Foi suficiente para sentir que eu havia tomado a pílula vermelha. Não sou mais a mesma.

E não preciso de mais tempo para chegar a conclusão de que aquele é o meu lugar. Eu pertenço a essa realidade, eu preciso dela e quero viver nela. O mundo que eu encontrei acredita em mim e traz inúmeras oportunidades para eu ser quem sou. Por outro lado, o contexto no qual estou inserida não me faz crescer, ancora-me. O tempo e a experiência foram as ferramentas para me libertar das correntes que me prendiam aqui, limitavam-me. Sim, minha vida sempre foi boa, mas não sou digna de algo melhor que apenas “bom”? Eu sou mais e posso ser mais ainda. Mas não aqui. Jamais aqui.

Há quem diga que posso ser feliz onde estou, pois têm diversas lendas sobre os perigos do “outro lado”. Ouvi as mais insanas histórias sobre o que há para além da fronteira e os mais esdrúxulos comentários: “Não te aceitarão”, “A vida lá é muito difícil”, “Você terá que lutar muito para ganhar o seu espaço. Eventualmente, ficará cansada”.

Então eles pensam que eu não sou forte? Acham que sou feita de cristal? Quantas vezes terei que provar que não sou objeto de pena?

Droga, Platão. Eu vejo para além da caverna. Enxergo tudo. No entanto, ainda me encontro acorrentada. Vejo, de relance, um universo perfeito, que me pertence, mas o dever insiste que eu permaneça presa, tenho uma promessa a ser cumprida. Eu vejo a saída para o mundo incrível, Platão. Só não posso ir até ela. Por enquanto.

Ao contrário da opinião majoritária, eu sou, sim, forte. Portanto, aguentarei mais um pouco, porque tenho certeza que, em breve, poderei caminhar em direção a verdade. Custe o que custar.




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