Certo dia, ao navegar pelo Youtube, após passar por vários vídeos aleatórios (tipo gatos se assustando com pepinos ou 50 fatos sobre Michael B. Jordan), esbarrei em um que mostrava estranhos compartilhando seus segredos, anonimamente. Essas confidências perpassavam pelas mais engraçadas - como "meu marido é um péssimo motorista e acha que é o melhor do mundo" - até os mais profundos - "minha única motivação para ir à faculdade é provar ao meu pai que ele estava errado ao dizer que eu seria igual a minha mãe e me tornaria uma stripper".
Pois é, as pessoas guardam muuuitos mistérios. O mais impressionante, para mim, entretanto, é a sua capacidade de escondê-los ("tenho inveja do sucesso do meu melhor amigo"). Anos se passam e esses segredos podem nunca ser revelados ou descobertos por qualquer pessoa ("faz oito anos que estudo e não faço ideia do que quero fazer da minha vida").
Honestamente, isso só mostra o quão pouco sabemos uns dos outros, ou o quão pouco procuramos saber sobre aqueles que conhecemos. Cada um tem uma história nunca escrita para o público e, talvez, nunca cheguemos a lê-la, devido a essa capacidade incrível de guardarmos nossos sentimentos para nós mesmos. É essa habilidade (sim, é uma habilidade) de fingir, de simular um quadro emocional estável, que esconde uma verdadeira montanha-russa de emoções ocorrendo na mente de alguém ("acho que meu marido está me traindo e continuo sendo gentil com ele, não sei por quê").
Nesse contexto todo, parece que somos como... oceanos. Isso é maluquice? Li, um dia desses, que menos de 5% do oceano foi explorado pelo homem, ou seja, pode ser que sereias e pokémons aquáticos vivam nesses 95% não explorados (nunca desconfiei!).
Ok, desculpa, tangenciei o tema...
Falando sério, agora... sabemos tão pouco uns sobre os outros... Às vezes, pensamos conhecer alguém, quando, na realidade, desconhecemos os corais que vivem em sua cabeça e as dores provocadas pelos monstros capazes de assombrar os locais mais profundos da sua mente. Da mesma forma, existem momentos em que imaginamos um "oceano" 100% completo, repleto de vida e graça, por causa dos peixinhos-palhaços, tubarões que despertam coragem, algas verdes e fofinhas.... Em dado momento, no entanto, infelizmente, descobrimos que esse mar é raso, está apenas nos 5%: o resto é apenas areia, um verdadeiro vazio.
Sinceramente, assistir àquele vídeo, ver todos aqueles segredos, trouxe-me um alívio enorme. Ah! Fiquei triste, claro, mas, ao mesmo tempo, aliviada. Isso porque, ver ta confissões me fez perceber que eu não sou tão misteriosa assim, nem sou o único ser quadrúpede que é um poço de segredos ambulante. Tem algo de reconfortante em ouvir confissões de outras pessoas. Percebo que não estou sozinha ("eu não confio em ninguém e preciso convencer a mim mesma de que nem todos são maus") e existem verdades não contadas bem mais cruéis ("eu amo meu pai, de verdade, mas meu maior medo é ser como ele") e fúteis que as minhas.
Digamos, então, que há inúmeros oceanos Índicos, Pacíficos e Atlânticos por aí, pouquíssimo explorados, apenas aguardando mergulhadores bons o suficiente para resolver seus mistérios. Quem sabe um dia alguém não desvenda os segredos dos Poseidon's existentes dentro de nós?
atualização: biscoitada