Ainda me lembro da minha primeira vez. Eu era adolescente e aconteceu numa sala de aula, como nos filmes. Estava tão nervosa que não conseguia pensar em mais nada. Minhas mãos suavam, minhas pernas se agitavam e eu não sabia o que fazer. Qual o próximo passo? O que devo dizer? Onde eu coloco isso? No final das contas, tomei coragem e simplesmente fiz. Deixei rolar. Fiquei um pouco confusa no início, mas depois a sensação foi de imenso prazer. Pois é, a primeira vez que escrevi foi incrível.
Desde esse dia, não parei mais de escrever. O papel e a caneta tornaram-se meus melhores amigos e tento transmitir o novelo de ideias da minha cabeça em forma de frases bonitas sempre que posso. Ao longo dos anos, minhas crises existenciais, meus medos, corações partidos e juras de amor foram colocados em palavras grandes demais, emocionantes demais para serem ditas em voz alta. Assim, todas as crônicas, poemas, desabafos e declarações de amor costumavam ficar escondidas, guardadas a sete chaves para que ninguém as encontrasse. Claro, não quero revelar tudo de mim, gosto de desfrutar do luxo de não me responsabilizar pelas palavras não ditas. As pessoas julgam e meu lado introvertido e covarde teme pela opinião alheia.
Até hoje.
Primeiras vezes nunca são fáceis. Gostamos do conforto da mesmice e aventurar-se no desconhecido às vezes nos causa hesitação. Por isso nossas mãos suam, a mente divaga e as pernas tremem. Achamos que não estamos preparados e começamos a duvidar sobre nós mesmos. Por outro lado, junto com todo esse medo, existe um friozinho na barriga, uma ansiedade bem-vinda, sobre estar experimentando algo novo. E são exatamente essas "borboletas no estômago" que fazem a primeira vez valer a pena, pois uma vez quebrada a barreira que nos impede de arriscar, milhares de possibilidades aparecem e perdemos o medo do desconhecido.
Então, aqui estou eu, escrevendo para um site - o meu site - , numa madrugada de terça-feira, iniciando uma jornada que possivelmente irá expor meus sentimentos e inseguranças. Contudo, pela primeira vez, percebi que não preciso ter medo ou vergonha. Pela primeira vez, me dou conta de que ninguém me torna melhor além de mim mesma. Pela primeira vez, as coisas estão mudando e me sinto confiante, segura. Pela primeira vez, não estou nervosa na minha primeira vez.
Nem todo mundo vai enxergar ou gostar, mas somente eu preciso. E, acreditem, eu estou amando.
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