Oi, Deus. Sou eu de novo.
Há tempos que não conversamos. Aliás, há tempos que não lhe peço algo tão súplica e desesperadamente.
Lembro-me de ajoelhar para todos os santos que tinha em casa e pedir por horas para você fazer um milagre. E você fez. Desde então, silenciei-me sobre as suas dádivas e aceitei tudo que me era entregue, pois você já tinha me concebido um milagre.
Entretanto, acredito que a sua intervenção tenha me deixado gananciosa e, agora, venho lhe pedir para, mais uma vez, intervir em minha vida.
Não sei se sou merecedora, tampouco sei se o que quero é, de fato, bom para mim. Mas é o que eu quero. Muito. Demais.
Deus, eu sacrifiquei tanto por esse querer... Questionei-me tantas vezes se era era bom para mim, se era certo, se era preciso.
A resposta é positiva para todas as dúvidas.
Deus, você sabe que não nasci para aqui, nem para isso. Você sabe que o meu coração está em outro lugar, porém sozinha não sou capaz de encontrá-lo.
É verdade que este lugar é afastado e posso soar como Ícaro por almejar algo tão distante. Mas, Deus, se disseram-me que eu tinha asas para voar longe, porque deveria estar sempre aparando-as, para fazer voo baixo?
Eu não quero me ancorar a uma vida tão mesquinha, da qual sei que não pertenço. Eu não posso deleitar-me com fugazes prazeres que, às vezes, essa vida me dá. Eu quero muito mais, Deus.
Ícaro se queimou com o sol, as suas asas derreteram e ele despencou do céu. No entanto, ao chegar ao sol, pergunto-me se a queda após sentir os seus sonhos não foi fantástica.
Deus, você não é misericordioso com aqueles que demonstram tamanha ganância como a que estou lhe mostrando agora, porém, só dessa vez, preciso que abra esta exceção. Preciso que me dê isso.
Deus, me dê o meu sonho. Prometo que a queda não irá me machucar.
Entrego e confio. Entregue e confie.
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