Olhos azuis da cor do mar.
Foi a primeira coisa que pensei quando te vi.
Tão lindos, tão chamativos… pareciam me convidar para dançar à sua vista, como um ímã para se mesclar aos meus esverdeados.
E eu me encantava, desejava mergulhar no seu oceano… olhar para você transmitia a sensação de ir à praia no meio do verão. Sentia o meu rosto aquecer, como uma quentura feliz do sol de estio.
No entanto, um dia, pude enxergar melhor o que a miopia não me permitia.
A água do mar é transparente, tão cristalina que até podemos ver o que está nas profundezas. Você nunca foi claro…
Aos poucos, percebi que os seus olhos são tão escuros que escondem o que tem dentro de você. É como se fossem o perigo do Pacífico, o lado inexplorado do Índico, o mistério do Atlântico e a parte mais gelada do Ártico.
Eles tentam me enganar, acompanhando o que seus lábios mentem. Fingem se dilatar para mim quando, na verdade, não sou eu que estou lhe expandindo a pupila. Nunca foi e jamais será.
As ondas me jogam e me deixam tonta. Não sei o que pensar, o que falar, o que fazer. Quando me dou conta, estou me afogando nas suas profundezas.
E os seus olhos… a correnteza do seu olhar me puxa de volta para você. Não posso evitar prender-me nas promessas de Iemanjá.
Azul da cor da escuridão do mar.
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