V gosta de sair em encontros. Na verdade, pelo que eu entendi, V, simplesmente, não gosta de não sair em encontros. Ela não costuma ir para aquelas festas clichê, conhecer um carinha qualquer bonito, trocar palavras e outras coisas com ele e depois cada um seguir seu rumo... V acha isso chato e impessoal.
Não que ela se importe, ou pense algo de quem faz isso. Ela até queria ser mais assim, meio eu-não-me-importo-se-você-não-mandar-mensagem-no-dia-seguinte. Entretanto, a verdade é que ela se importa sim. V fica feliz ao receber a mensagem fofa no dia seguinte, empolgada-se ao ir ao cinema e dividir uma pipoca e se anima ao descobrir qual o signo da outra pessoa, para começar a explicar-lhe tudo sobre astrologia (sim, ela gosta de astrologia. Eca). Por isso tudo, V ia a encontros.
No entanto, nem sempre os encontros de V foram bons, tampouco duravam mais que um ou dois meses (apenas três conseguiram passar de dois meses, mas vocês não souberam disso por mim). Não que os meninos com quem ela saía fossem más pessoas, ou não fossem interessantes (ela já saiu com um excêntrico estudantes de artes plásticas!). Nem mesmo ela era exigente demais. O maior problema, porém, é que com nenhum deles V viu futuro.
Sim, futuro. Não no sentido de já encontrar um marido (V me contou, recentemente, que tem dúvidas sobre casamento), mas estar com alguém que, não sei... alguém com quem ela possa ver algo genuíno para o futuro, não somente uma coisinha rápida e superficial. V quer mais: quer amor de longo prazo, porque os outros amores que teve tinham data de validade. V quer alguém em quem ela veja as mesmas coisas que aprecia tanto na relação entre a sua mãe e o seu padrasto: cumplicidade, amizade, identidade... amor verdadeiro. E... bem... enquanto V não encontrava isso, V ia a encontros.
Um dia, em um desses encontros, V encontrou F. Minha amiga nunca esteve tão risonha quanto nos momentos em que está com ele, nem tão leve e animada. Eu poderia dizer que já vi esses sintomas de paixonite dela com H, R. ou P., mas sinto que F desperta nela um sentimento diferente. É compreensão. Eles já possuem aquela troca de olhar íntima, do tipo que responde e faz perguntas; tem o dialeto próprio e um carinho em um toque tão particular, tão único (palavras de V, não minhas).
Sendo sincera, F é, para dizer o mínimo, estranho... Ele lê quadrinhos da D.C. (não da Marvel), escuta heavy metal enquanto estuda, sabe falar arábe (quem faz um curso de línguas árabes com 14 anos?!) e tem um total de zero coordenação motora. Então, esse é o momento em que vocês me perguntam: o que V vê em F? Um cara com gostos totalmente aleatórios e diferentes dos dela? E a resposta, meus queridos leitores, é muito simples:
V vê futuro.
De volta para o futuro - 1985
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